Das férteis terras do sul das Minas Gerais nasce mais um fruto. O hip hop é a semente do Cultivo, nome de batismo do coletivo criado por seguidores da cultura na cidade de Guaxupé. Seu intuito extrapola a ideia tradicional de levar arte à periferia, passa, antes, por levar a periferia à arte, oferecer suporte para o desabrochar de cultura nos subúrbios do interior, através de atividades de oficina,
exibição e diálogo, mesclando os cinco elementos do gênero: a poesia (rap), a discotecagem (DJ),
a dança (break), as artes plásticas (grafite) e o conhecimento.
A palavra cultivar refere-se aos atos de preparar e cuidar de algo para que dele se produza, uma situação mais do que conhecida na região de
Guaxupé, muito próspera no cultivo agrícola. O Cultivo Hip Hop pauta-se por esta vocação regional em semelhante proposta, porém, em um campo diferente, o campo da cultura: preparar e cuidar das fecundas terras
esquecidas da periferia, para que se possa produzir, colher e distribuir bons frutos a partir das vidas e experiências que brotam na rústica natureza das quebradas.
O Cultivo Hip Hop origina-se da necessidade de auto-organização da população periférica para o desenvolvimento humano da própria periferia, para o que lança mão da ferramenta de uma cultura de raízes autênticas do gueto, que já habita o imaginário internacional das comunidades marginalizadas, para assim promover a consciência social para a participação cidadã, o compromisso e a disciplina para o trabalho em conjunto, em suma, uma cultura do respeito mútuo e da cooperação para o progresso integrado entre os menos favorecidos.
Texto: Gabriel Silva
